20.7.05

Um olhar de relance para o relógio de parede, e ela confirma que terá de abandonar a solidão da alcova. Desfaz-se da cama como quem é arrastado para o cadafalso; joga sobre o corpo umas roupas quaisquer que não estejam muito amarrotadas, passa a escova pelo cabelo superficialmente. Olha-se no espelho: não atrai pela beleza nem pela estranheza. É assim que há de ser. Ela cata uns trocados, abre a porta, e com um último suspiro despede-se de seu mundo de ilusões. Entra no elevador, olha para os números e cumprimenta o velho do 603 com um sorriso tolo.

Ela é uma farsa, e eles a amam por isso.

Nenhum comentário: