31.1.05


Hirschfeld, Jam Session (1941)


Constru��o
Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a �ltima
Beijou sua mulher como se fosse a �ltima
E cada filho seu como se fosse o �nico
E atravessou a rua com seu passo t�mido
Subiu a constru��o como se fosse m�quina
Ergueu no patamar quatro paredes s�lidas
Tijolo por tijolo num desenho m�gico
Seus olhos embotados de cimento e l�grima
Sentou pra descansar como se fosse s�bado
Comeu feij�o com arroz como se fosse um pr�ncipe
Bebeu e solu�ou como se fosse um n�ufrago
Dan�ou e gargalhou como se ouvisse m�sica
E trope�ou no c�u como se fosse um b�bado
E flutuou no ar como se fosse um p�ssaro
E se acabou no ch�o feito um pacote fl�cido
E agonizou no meio do passeio p�blico
Morreu na contram�o atrapalhando o tr�fego

Amou daquela vez como se fosse o �ltimo
Beijou sua mulher como se fosse a �nica
E cada filho seu como se fosse o pr�digo
E atravessou a rua com seu passo b�bado
Subiu a constru��o como se fosse s�lido
Ergueu no patamar quatro paredes m�gicas
Tijolo por tijolo num desenho l�gico
Seus olhos embotados de cimento e tr�fego
Sentou pra descansar como se fosse um pr�ncipe
Comeu feij�o com arroz como se fosse o m�ximo
Bebeu e solu�ou como se fosse m�quina
Dan�ou e gargalhou como se fosse o pr�ximo
E trope�ou no c�u como se ouvisse m�sica
E flutuou no ar como se fosse s�bado
E se acabou no ch�o feito um pacote t�mido
E agonizou no meio do passeio n�ufrago
Morreu na contram�o atrapalhando o p�blico

Amou daquela vez como se fosse m�quina
Beijou sua mulher como se fosse l�gico
Ergueu no patamar quatro paredes fl�cidas
Tijolo por tijolo num desenho m�gico
Sentou pra descansar como se fosse um p�ssaro
E flutuou no ar como se fosse um pr�ncipe
E se acabou no ch�o feito um pacote b�bado

Morreu na contram�o atrapalhando o s�bado



(Eu sempre assisto a um videoclipe na minha cabe�a quando ou�o Constru��o. � uma anima��o bem descritiva, fiel aos versos; o estilo do tra�o � o mesmo do segmento Rhapsody In Blue de Fantasia 2000 - que por sua vez � baseado nas caricaturas de Al Hirschfeld, autor da ilustra��o no in�cio do post - mas com um final obviamente mais tr�gico do que o da anima��o da Disney.

Ah, e meu olho sempre enche d'�gua quando ou�o essa m�sica. Algo me diz que � a sensibilidade da letra e da melodia do Chico somada a algum res�duo de trauma do jogral na oitava s�rie, em que eu ia cantar um trecho disso...)

17.1.05

Elegia: indo para o leito


Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
At� que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
C�u cintilante, uma �rea ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado.
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda, quieto, t�o de perto.
O corpo que de tuas saias sai
� um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cres�a o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que � o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco v�u
Aos homens: Tu, meu anjo, �s como o C�u
De Maom�. E se no branco t�m contigo
Semelhan�a os esp�ritos, distingo:
O que o meu anjo branco p�e n�o �
O cabelo mas sim a carne em p�.
Deixa que minha m�o errante adentre
Atr�s, na frente, em cima em baixo, entre.
Minha Am�rica! Minha terra � vista,
Reino de paz, se um homem s� a conquista,
Minha Mina preciosa, meu Imp�rio,
Feliz de quem penetre o teu mist�rio!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha m�o, meu selo gravo.
Nudez total! Todo prazer prov�m
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As j�ias que a mulher ostenta
S�o como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho de tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encaderna��o vistosa, feita
Para iletrados, a mulher se enfeita;
Mas ela � um livro m�stico e somente
A alguns (a que tal gra�a se consente)
� dado l�-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penit�ncia nem dec�ncia agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te � bastante.


Elegy XX: To His Mistress Going to Bed - John Donne, poeta, prosador e cl�rigo - 1572/1631
Tradu��o: Augusto de Campos

14.1.05

Sonhos - III

O sonho de hoje foi longo. E de deixar vesga.

Eu estava numa festa, aparentemente na casa da minha vó, com um monte de gente da faculdade e do CAp. Eis que eu encontro a Louise, amiga de infância que eu não vejo desde a quinta série - ela estava vestindo um pulôver azul-claro. A gente conversa sobre faculdade (por algum motivo eu cismava que ela tinha feito Educação Física), entre outras coisas. A Laura também tava lá (com uma blusa vermelha decotada que eu lembro ter achado bonita), tal como a Lili, que não sei por quê escrevia alguma coisa no meu braço com caneta azul e eu ficava muito frustrada por não conseguir ler.

De repente, eu olho pro relógio, e já passam das 2 da manhã (nessa hora a tevê estava ligada, mas eu não lembro o que estava passando). Eu saio me despedindo de todo mundo, dizendo que minha mãe deve estar preocupada. Acaba que todo mundo resolve ir embora também, e fica uma bagunça de carros e táxis na porta da casa. A Louise pegava um 455 (?) e eu lembro de chegar a entrar no ônibus, mas meu pai (??) me chamava pra gente ir à pé correndo. Acho que estava chovendo. No meio do caminho, meu pai pega um táxi e eu vou pra casa sozinha.

Ao chegar no prédio eu encontro uma senhora com um penteado digno da Rainha Vitória. Ela também pega o elevador - que era antigo, com duas portas pantográficas, uma à minha direita e uma à esquerda. De repente, as luzes falham, o elevador pára no meio do caminho, e quando eu olho pro lado a mulher desapareceu. Eu fico assustada, me perguntando se ela não teria sido uma alucinação minha... e então a porta da esquerda se abre e entra a mesma mulher, aparentemente em estado de hipnose! Eu ainda estava impressionada com minha experiência paranormal quando ela volta a si, também muito intrigada, e comenta algo sobre a dentadura dela estar solta. (???)

E aí eu acordei.

PS: Tô gostando dessa coisa de postar meus sonhos. É bom pra não esquecer, e movimenta o blog. Sem contar que tem uns tão estranhos que chegam a ser engraçados. XD

13.1.05

Sonhos - II

Eu estava numa locadora informatizada. A Lili podia estar comigo ou não, não tenho certeza. No computador, eu digitava "Lembranças de Holywood" - nome em português de "Postcards From The Edge", filme baseado num livro homônimo da Carrie Fisher, com roteiro dela - mas nada de achar. Sabe-se lá como, quando eu finalmente achava, tinha até trailer disponível. Eu assistia; de alguma forma, no meio do filme, a comédia virava um thriller policial com quê de "Código Da Vinci". Eu enjoava da coisa (apesar de na realidade ter gostado do livro) e desistia de alugar.

Eu saía da locadora, que ficava dentro de uma galeria da Praça Saenz Peña, e quando chegava à rua, o cenário mudava para a vizinhança da Denise em Vila Isabel. Fazia sol, mas mesmo assim eu decidia voltar pra casa à pé. E no caminho eu passava por duas pessoas conhecidas: acho que eram a Natália, da minha turma no CAp, e a vó Maria, empregada lá de casa que ajudou a me criar. Curiosamente elas estavam andando juntas. Mas eu fingia que não tinha visto e seguia em frente sem falar com elas.

8.1.05



My pirate name is:


Red Anne Rackham



Passion is a big part of your life, which makes sense for a pirate. You have the good fortune of having a good name, since Rackham (pronounced RACKem, not rack-ham) is one of the coolest sounding surnames for a pirate. Arr!

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4.1.05

Sonhos

Hoje sonhei que tinha cortado o cabelo. Na altura dos ombros. E devia ter feito escova, porque ele tava lisinho e comportado. Mas o que mais me intrigava no sonho era o fato de eu ter uma franja. Uma franjona lisa que vinha até minha sobrancelha. Eu lembro de falar com minha mãe, "olha, eu tô de franja", mas ela não se importava muito com isso. Como se fosse natural.

Pensando agora, era um penteado anos 60. Eu parecia uma figurante do "A Hard Day's Night"...

1.1.05

Ano-Novo Babaca!


Mam�e estoura o espumante.
Mam�e (cheira o gargalo): Esse champanhe tem um cheiro estranho...
Eu (tomando um gole): De longe lembra um pouco o do meu shampoo...