31.8.05

Constellation Wars

(...)

Os ventos estavam estranhos em Tatooine.

Era algo muito sutil, quase imperceptível - uma breve mudança de ângulo e velocidade, um leve desafinar no assobio habitual, de que os habitantes de áreas urbanas como Mos Eisley e Mos Espa certamente não tinham conhecimento; os fazendeiros de umidade talvez tivessem captado algo de uma forma subliminar, acostumados que estão a observar o tempo.

Mas ele, parte inseparável das areias daquele deserto, jamais poderia ter deixado de sentir.

(...)


(Fic nova na área. Aceditem se quiserem: é de Cavaleiros do Zodíaco. E tem até blog oficial, nos moldes do que a Calíope-sama faz com Santuário Times!)

24.8.05

Virando gente

L� se foram minhas tardes de alegre �cio: virei estagi�ria. S� Deus sabe se sobreviverei.

Dou not�cias do front.

23.8.05

Sentou-se. E esperou. Logo a surpresa apareceria.

O que viria a surgir na branca folha digital? Que palavras viriam a se formar à sua frente? Não sabia ao certo - deixava que elas tomassem conta de seus dedos, escolhendo a próxima tecla. Um pensamento puxando o outro, seguindo, às vezes sem muito nexo ou repetitivamente, o caminho da história dada à luz.

E apenas isso. Não havia um personagem a retratar, uma paisagem a pincelar, um ato heróico a cantar. Apenas o teclado, o monitor e um punhado de conexões cerebrais dispersas. Sem rumo.

A história, a vida. Sem rumo.

Uma catarse auto-biográfica, seria isso? Não sabia bem, ainda. O que viesse, que ficasse. (Teve a impressão de que já fugia da hipótese, escondendo-se atrás de frases inúteis e terceiras pessoas.) Cogitou desistir. Tinha tanto medo assim de si mesma?

Sim, tinha.

A linha curta e ríspida a assustara - como costumavam fazer as linhas curtas, tão carregadas de certeza. Do que fugia? De si? Do que havia de si que nem mesmo ela conhecia? Sim, provavelmente - é do que todos em verdade fogem. Não?

Por Deus, como se questiona!

Mas a vida - e isso não era apenas uma filosofia barata - se faz disso, de infindáveis questões que nem sempre (a bem da verdade, quase nunca) têm resposta. O fato é que, tão habituada que estava de escrever sobre outros e outras, temia não saber tratar de si mesma.

Ou temia que seus dedos soubessem bem demais descrevê-la. E nesse caso a surpresa havia de ser desagradável.

Permitiu-se uma pausa para ler o que havia até então escrito. Com desagrado, não pôde deixar de notar que não saía do lugar. Falando sempre as mesmas coisas...

A história, a vida. Mais uma vez. Como a reprise da tarde que ninguém mais agüenta assistir, mesmo que um dia tenha achado interessante. A impressão que tinha às vezes era de que já descobrira todas as curiosidades divertidas sobre sua existência, e se tornara maçante. Precisava de variedade urgente, ou sabe-se lá.

(Não, não possuía a bravura covarde dos suicidas. Era melancólica, não melodramática.)

Ansiava pela mudança. Mas oras, mudanças dão tanto trabalho... bem sabia - oras, era óbvio demais - que a preguiça era uma faceta de seu medo da responsabilidade. Aceitar os fracassos e os sucessos, aí estava algo que não corria em seu sangue. Por vezes, incontáveis, preferia que a correnteza a levasse. Parecia mais seguro. A culpa não seria sua, os holofotes jamais a oprimiriam. No entanto, ao mesmo tempo... ao mesmo tempo, a postura (ou falta de) cansava.

Era isso. Estava cansada de se resignar.

Por ora, o texto bastava. Já havia muito de si ali. Suspirou fundo, sentindo-se ao mesmo tempo mais leve e um tanto desapontada. Ao menos começara. Ainda havia de chegar o momento de usar a primeira pessoa.

22.8.05

"L'existence précède l'essence."

(No 426, 3 da tarde. Cartaz das mocinhas do hidratante Dove lá fora.)

LILLY - Sabia que o Dove aumentou suas vendas em 30% com essa Campanha pela Real Beleza?
PRUDENCE - Sério? Poxa, ontem mesmo eu li um artigo sobre isso no New York Times...


... Sério, esse Ciclo Profissional não está fazendo nada bem pra gente. Nós estamos virando adultos! E adultos intelectuais! Daqui a pouco estaremos citando Sartre num café parisiense!

Nunca se viu tamanha corrupção nesse país.

(Frase ouvida em propaganda eleitoral de algum partido de direita, no rádio do carro do primo)


Realmente, nunca se viu. Ninguém nunca se deu ao trabalho de mostrar...

Vejam bem, eu não sou tão ingênua assim. Que o governo atual está chafurdando na lama, isso não me é novidade, e acho que para ninguém mais é; também não estou torcendo para que os cretinos escapem impunes, muito embora esse seja o destino mais provável (vamos olhar o livrinho de História, por favor).

Mas acho engraçado - não, é ridículo mesmo - que a roubalheira em Brasília só venha a público, descaradamente, justo quando o governo é de esquerda e o Lula é quem está na presidência. E só pra deixar claro, não sou petista de carteirinha nem morro de amores pelo presidente, não. Mas se a política brasileira sempre foi 90% corrupta (disso até o Seu Manoel da padaria e a Marcinha do colegial sabem), por que cargas d'água agora é que isso virou escândalo?


E chega, que política me dá coceira.

14.8.05

Virunduns

Despair of The Endless // Rebel Princess // Watery Goddess, the Youngest Twin diz:
when you make love you are sweeter and greaseless...
(se n�o for isso, acabei de criar um virunduns fant�stico. XD)


... E criei mesmo. O verso � "when you make love to the sweet tantric priestess". (Aerosmith, Taste of India)

Essa t� competindo com o "peixe n�on mal-amado" na m�sica do Ed Motta...

13.8.05

Ansiedade Acadêmica



É uma coisa esquisita, isso de entrar pro Ciclo Profissional.

Pra quem não conhece, o esquema da minha faculdade (Comunicação Social) é o seguinte: os primeiros três períodos são o chamado Ciclo Básico, ao longo do qual todo mundo faz as mesmas disciplinas obrigatórias. Do terceiro pro quarto período é realizado um processo de seleção (também conhecido como "guerra dos CRs") e o grupo de mais ou menos 100 alunos se divide entre as quatro habilitações: Jornalismo ("Jornal"), Publicidade e Propaganda ("PP"), Rádio e TV ("Rádio") e Produção Editorial ("PE"). Os cinco períodos restantes (são 8 ao todo) formam o Ciclo Profissional.

Pois bem. Esta que vos fala conseguiu passar de fininho para Jornal, a mais disputada. Mas, depois de apenas uma semana de aulas, já estou com a sensação de que fui mandada pra outro curso completamente diferente. Ou melhor, que só agora entrei pra valer na faculdade.

Não que as disciplinas de agora me soem absolutamente incompreensíveis; pelo contrário, volta e meia fico feliz porque reconheci algum conceito que o professor falou em sala de aula. A estranheza também não deve ter saído do simples fato de nosso horário ter mudado (no Ciclo Básico as aulas eram à tarde, agora são de manhã), ainda que isso influencie muito meu humor matinal, minha capacidade de atenção e minha rotina de noitadas no MSN. Claro que estarmos agora em agosto tem a ver - devem existir estudos científicos comprovando que o segundo semestre do ano tem a duração aparente de dois meses e meio -, mas ainda não é por aí.

Talvez seja a insistência dos professores (pelo menos os nossos) em lembrar que a qualquer momento nós estaremos engordando as estatísticas de jornalistas desempregados; talvez seja a modesta listinha de quatro páginas de bibliografia de Fotojornalismo (da qual eu gostaria de ler todos os itens), mais a de uma página e pouco de História, mais as "leituras obrigatórias" do carrasco de Técnica de Reportagem I. Talvez as árvores do campus liberem no ar, todas as manhãs, alguma toxina altamente estimulante que se dissipe por completo antes de começarem as aulas da tarde. O fato é que, seja qual for o motivo, eu sinto que vou surtar até o fim do período. A impressão que eu tenho é de que os dias estão passando de forma estranhamente lenta, mas ao mesmo tempo estão acabando antes que eu cumpra com tudo o que pretendo cumprir; e com isso, me vejo fazendo exatamente o oposto do que sempre fiz: em vez de deixar tudo para em cima da hora, como de costume, quero fazer tudo agora. Parece até que eu estou em semana de provas. E sinto como se isso não fosse por influência do meio, mas sim uma atitude própria, subjetiva e individual que minha mente doentia criou numa tentativa de me enlouquecer de vez. (É, o meu corpo tem esse hábito irritante de tentar me eliminar da face da Terra de vez em quando. Deve ser por isso que volta e meia eu me engasgo com minha própria saliva.)

Enfim. Vamos ver se essa loucura toda me ajuda a criar um olhar crítico e uma opinião própria sustentável, pra ver se com isso eu não viro uma jornalista incompetente.


(Foto: Entrada do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Lá fora, a estátua da Sabedoria.)

11.8.05

Billboard Sexuality

Sei não, mas a Trifil está sorrateiramente associando sua nova linha de cuecas sem costura à imagem da Grazi pelada. Já viram a quantidade de vezes em que o cartaz da Playboy aparece do lado daquele gostosão de boxer branca?

5.8.05

A Quilo

Geladeira vazia, almo�o fora de casa; fomos, eu e mam�e, ao restaurante da esquina.

Prato dela: 358 gramas, R$6,77.

Alguns clientes depois, meu prato: 358 gramas, R$6,77.

Eu ainda acho que nosso refrigerante devia ter sido de gra�a depois dessa.

3.8.05

Olha pra cá, Cookie.




Duas da tarde. Trigésima-sexta foto, e uma certa urgência em acabar o filme.

Recomendação da mãe, antes de sair de casa: "bate uma fotos do Cookie".

Cookie, para quem não sabe, é meu cachorro. Yorkshire Terrier, cinco anos, dois quilos e meio, carente afetivo.

Ele olha para mim com cara de pidão. Saco a máquina fotográfica, me atrapalhando um pouco entre tirar a capinha, a tampa da lente, pendurar no pescoço, ligar e fotometrar. Nesse ínterim, obviamente, Cookie já havia se distraído com uma sujeira no chão.

"Olha pra cá, Cookie."

Pela primeira vez em sua vida canina, ele me obedece. Mas eu, claro, ainda não tinha ajustado o foco. Ele vai se coçar embaixo da estante do micro.

Arrasto ele pro meio do quarto, onde ainda havia luz solar suficiente, e depois de alguma luta e lambidas furtivas na direção da lente consigo botá-lo na posição original - sentadinho como um bom cachorro.

"Cookinho, olha pra cá."

Ele o faz (eu realmente estou num bom dia como adestradora). Aponto a câmera em sua direção, e ele prontamente olha pra baixo. A cena se repete umas cinco vezes, até que eu consigo pegá-lo de surpresa.

Se pudesse falar, meu cachorro certamente diria que não é fotogênico. Ou que fotografias roubam a alma dos cães.

Brinquedos modernos

"Pra onde eu vou, sempre levo minha ilha." (comercial da Polly F�rias)

... Sou s� eu, ou tem algo de muito errado nessa frase?

1.8.05

Etapas

Você observa sua própria imagem no espelho mais uma vez. Tem feito isso toda manhã, desde o início do mês; desde que se deu conta de que os dias de juventude tola e inconseqüente estavam contados.


(Leia mais...)