14.8.06

Alergia a poeira

Eu gosto de sebos. Na verdade, eu gosto muito de livros, ainda que o excesso deles já tenha gerado crises de proporções titânicas lá em casa, mas isso é assunto para outro post. Agora, quero falar sobre meu carinho especial por sebos.

Não sei explicar se é a iluminação meio precária, a falta de estilo no mobiliário, ou mesmo a expressão de enfado constante que alguns livreiros antigos costumam exibir, mas o fato é que sebos são muito mais poéticos do que livrarias de shopping. Talvez porque a consciência de que as obras num sebo já passaram por muitas mãos nos deixe menos inibidos a tocá-las. Eu certamente me sinto mais relaxada em sebos.

No entanto, sei bem que sou uma privilegiada. Pois quantos outros amantes de livros não são impedidos por seus próprios organismos de apreciar a poesia de uma edição caindo aos pedaços?

Sim, eles são muitos - conheço alguns. Anseiam por desvendar aqueles pequenos universos desarrumados, escondidos em ruelas do Centro, mas basta se aproximarem da porta que ela aparece: a tosse. Porque sempre se paga um preço pela poesia, e nesse caso o preço é a reação alérgica. A alergia à poeira que se desprende do papel velho e se acumula nas prateleiras das estantes.

Então, como meu amor pela literatura é maior que meu amor pela ruína, serei solidária com os (parcos) leitores deste blog abandonado. Volto, depois de muito, sem um motivo substancial para fazê-lo - o único propósito, meus caros, é espanar a poeira destes bits e bites, garantindo um mínimo de conforto aos visitantes destas paragens.

Prometo não parecer entediada. Mas se quiser DVD e cafezinho, meu filho, vai pra Saraiva Megastore.

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