3.8.05

Olha pra cá, Cookie.




Duas da tarde. Trigésima-sexta foto, e uma certa urgência em acabar o filme.

Recomendação da mãe, antes de sair de casa: "bate uma fotos do Cookie".

Cookie, para quem não sabe, é meu cachorro. Yorkshire Terrier, cinco anos, dois quilos e meio, carente afetivo.

Ele olha para mim com cara de pidão. Saco a máquina fotográfica, me atrapalhando um pouco entre tirar a capinha, a tampa da lente, pendurar no pescoço, ligar e fotometrar. Nesse ínterim, obviamente, Cookie já havia se distraído com uma sujeira no chão.

"Olha pra cá, Cookie."

Pela primeira vez em sua vida canina, ele me obedece. Mas eu, claro, ainda não tinha ajustado o foco. Ele vai se coçar embaixo da estante do micro.

Arrasto ele pro meio do quarto, onde ainda havia luz solar suficiente, e depois de alguma luta e lambidas furtivas na direção da lente consigo botá-lo na posição original - sentadinho como um bom cachorro.

"Cookinho, olha pra cá."

Ele o faz (eu realmente estou num bom dia como adestradora). Aponto a câmera em sua direção, e ele prontamente olha pra baixo. A cena se repete umas cinco vezes, até que eu consigo pegá-lo de surpresa.

Se pudesse falar, meu cachorro certamente diria que não é fotogênico. Ou que fotografias roubam a alma dos cães.

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