17.3.04

Psicologia animal ou Conversando a gente se entende

Minha cozinha est� passando por uma infesta��o de baratas. Mam�e j� tentou in�meros m�todos para acabar com a ra�a das cascudinhas, mas elas aparentam ser baratas de laborat�rio resistentes a tudo. Agorinha h� pouco, fui preparar um caf� com leite e dei de cara com uma delas na parede. Devia ser do tamanho da unha do meu dedinho do p�, mas quase me fez desistir de comer. Todavia, contrariando as expectativas de que eu sa�sse correndo pela casa berrando "uma barata, mata, mata" mesmo n�o tendo ningu�m para me ouvir, fiquei firme e pus-me a olhar fixamente para a bicha. (Devia estar pensando naquela bobajada psicol�gica de enfrentar os medos.) E a barata sequer se movia.

Foi quando, inesperadamente at� para mim mesma, eu ordenei: "Barata, saia do meu campo de vis�o!"

Esse m�todo, infelizmente, n�o surtiu efeito. A resposta do inseto se resumiu a um movimento das anteninhas. Supus que minha abordagem tivesse sido agressiva demais; afinal, barata tamb�m � filha de Deus. Ent�o, resolvi argumentar com o animalzinho.

"Barata: por que voc� n�o volta para o encanamento de onde saiu? L� deve ser escurinho e �mido, e eu sei que voc�s, pragas urbanas, gostam desse tipo de condi��es. N�o tenho nada pessoal contra voc�, mesmo porque voc� n�o � uma pessoa. Mas � que a sua figura n�o me agrada, sabe? A sociedade judaico-crist� ocidental na qual eu vivo prega que baratas s�o repugnantes. E sua presen�a num ambiente sugere maus h�bitos higi�nicos. Por que n�o se esconde atr�s do rel�gio? O que os olhos n�o v�em, o cora��o n�o sente; assim eu n�o vou me ver na obriga��o de esmag�-la com um chinelo, entende?"

O que mais me impressionou n�o foi o fato de eu ter passado quase cinco minutos falando com uma barata. Incr�vel mesmo � que ela entendeu: depois que eu expliquei minha situa��o, ela realmente correu para o rel�gio de parede e n�o voltou mais.

Que Baygon, que nada. Contra barata, bom mesmo � l�bia.

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