12.2.03

Voltando pra casa, meu par de olhos m�opes encontrou o borr�o da Lua no azul do c�u da tarde. Fiquei uns segundos ali, olhando pro alto, no meio da cal�ada. Os motoristas parados no sinal devem ter me achado maluca. Que se dane.

A� me dei conta de uma coisa. O porqu� de eu gostar mais da Lua que do Sol.

O Sol, na sua prepot�ncia de 'astro-rei', exibe-se demais. Envia toda sua gl�ria f�lgida para c� pra baixo, se mostra inteiro e incans�vel, mas brilha tanto que n�o se pode olhar diretamente pra ele. O que se v� � uma sombra, ou a claridade no ch�o, ou os raios atravessando um ar empoeirado. Mas ningu�m olha nos olhos do Sol. Revelando-se tanto, o Sol se esconde do nosso olhar xereta.

A Lua n�o. A Lua se mostra aos poucos, se esconde nova, aparece crescente na fresta da porta, olha em volta pra ver se n�o incomoda. E quando surge inteira no c�u, a gente olha para ela sem medo. A Lua � discreta e confi�vel. � misteriosa; no entanto, permite que a gente chegue mais perto, perca a vista nela, deixa essa nossa conversa com o que existe l� fora demorar-se um pouquinho mais. A Lua brilha, mas n�o ofusca.

Nenhum comentário: